Gisele Costa[1]
Hoje (07/09) os operários da
Mercedes-Benz se reunirão em assembleia na porta da fábrica. Uma vez mais, a multinacional
alemã insiste na demissão de mais de mil trabalhadores diretamente ligados à
produção.
Mais uma vez, a direção do
Sindicato dos Metalúrgicos buscará um consenso entre personagens antagônicos
como alternativa ao conflito inevitável. Fato esse que expressa não apenas o seu caráter
burocrático, mas os limites da formação sindical em um país subdesenvolvido. Entretanto, as determinações
objetivas das demissões operárias não podem ser compreendidas pelas rotineiras análises
sindicais e economicistas. O que o capital enquanto força social prepara
desde o ABC Paulista, é mais profundo.
Metido em uma crise de duração
histórica e consequências imprevisíveis, o capital prepara uma nova reestruturação
produtiva, na qual tudo indica que a produção fabril brasileira e
latino-americana ganhará outro caráter, já em curso.
Com a entrada da China na divisão
internacional do trabalho, a industrialização na América Latina tende a perder
força nas grandes áreas urbanas e fortalecer-se nas cidades médias, cuja
economia está voltada para a cadeia produtiva do agronegócio e do extrativismo.
Em outras palavras, mais do que nunca a industrialização estará a serviço do
setor primário-exportador, em um novo ciclo de primarização da região.
A consequência principal é o
aprofundamento da dependência frente ao imperialismo, e nesse contexto de dimensões históricas, o desemprego
industrial no ABC é o ponto de partida. De modo que aqueles que compreendem a
libertação nacional como tarefa dos socialistas, devem assimilar que a luta
contra o desemprego, é antes a luta contra a recolonização imposta pelos países
centrais e por seus cúmplices autóctones.
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